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O Brasil deverá exportar 35 milhões de toneladas de milho neste ano, um volume jamais atingido antes pelo País. A estimativa é de Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. O secretário de governo aposta nesse volume porque o Brasil iniciou o segundo semestre com um ritmo muito forte nas vendas externas. Em julho, as exportações somaram 2.3 milhões de toneladas, subindo para 5.3 milhões de toneladas no mês passado. Neste mês, os dados da primeira quinzena indicam que o desempenho das exportações se mantém em ritmo bastante acelerado.
Se na segunda quinzena do mês for mantido o mesmo ritmo da primeira, o volume do cereal exportado deverá atingir 5.9 milhões de toneladas. A Secex (Secretaria de Comércio Exterior) aponta média diária de 94.000 toneladas exportadas por dia útil em setembro. Em agosto, quando o volume foi recorde para o período do ano, as vendas externas diárias haviam atingido 229.000 toneladas por dia útil.
Geller não está sozinho na previsão de exportações recordes de milho neste ano, embora os números do mercado indiquem volume um pouco menor do que os do secretário de política agrícola. Leonardo Sologuren, da Horizon Company, afirma que “a exportação de milho realmente ganhou velocidade, e o País tem potencial para isso”. Um dos fatores que favorecem as vendas externas é a produção recorde deste ano. Além disso, devido aos preços baixos, os produtores atrasaram as vendas de milho. Com a chegada do plantio da safra de verão, os menos capitalizados deverão vender milho e soja para comprar insumos. A Horizon prevê vendas externas do cereal de 30 milhões a 32 milhões de toneladas neste ano.
Já Daniele Siqueira, da AgRural, estima exportações próximas de 33 milhões de toneladas, mas não descarta as 35 milhões de toneladas. Ela acredita que o patamar baixo dos preços internacionais facilite as exportações. As vendas externas são favorecidas ainda pelos leilões de escoamento promovidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O Brasil pode ser atrapalhado, no entanto, pela Argentina, que voltou a produzir e exportar mais milho. Apesar da aceleração das vendas externas neste segundo semestre, as exportações acumuladas até agosto ainda são 32% inferiores às de igual período do ano passado. Neste ano, são 10.8 milhões de toneladas, em comparação com as 15.9 milhões de toneladas de 2016. O mercado vive neste ano cenário bem diferente do observado no início de 2016, quando o câmbio favorecia a aceleração de exportações. Exportação intensa no início do ano e clima ruim fizeram escassear a oferta de milho no segundo semestre. Neste ano, a produção é recorde, 98 milhões de toneladas, e a oferta de produto é grande.
Fonte: FOLHA DE S. PAULO