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Com a safra recorde de grãos de 2017, estimada em 242.1 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as perdas causadas pela deficiência de logística e de infraestrutura devem aumentar ainda mais. Afinal, serão 11.8 milhões de toneladas a mais em relação ao ano passado. “O Brasil perde oportunidade de produzir 5 milhões de toneladas de grãos por ano, por causa dos problemas de infraestrutura e de logística”, disse Luiz Antônio Fayet, consultor de Infraestrutura e Logística da CNA. “Eu chamo isso de abortamento da produção, ouseja, se eu produzir, eu vou perder”. “Para resolver o problema, além da integração dos modais, eu sugiro o carregamento de estoques”, disse Fayet, lembrando que, dentro de 5 anos, o Brasil será o maior exportador de grãos e terá que se preparar para isso.
Para tanto, ele desenvolveu o Projeto Cedagro, que prevê, além da estrutura de armazenagem, a parceria com os bancos para criarem um mecanismo de mercado para a liberação de recursos ao produtor. “Assim, o produtor poderá investir em estruturas de armazenagem e o bancos terão o estoque como garantia.”
PLANO DE OCUPAÇÃO SUSTENTÁVEL
Para resolver os problemas de infraestrutura e de logística, há dois anos, um grupo de especialistas do Instituto de Engenharia (IE) também está desenhando um plano para viabilizar o crescimento da produção de grãos. Nesse sentido, o órgão realizou um estudo sobre a ocupação sustentável do território nacional pela ferrovia associada ao agronegócio, por meio de um sistema intermodal. Segundo os especialistas, a concentração do aumento de produção grãos deve ocorrer acima do Paralelo 16, linha imaginária que passa pelo Mato Grosso, Goiás, Brasília, Minas Gerais e sul da Bahia. “O crescimento do agronegócio esbarra no problema de infraestrutura logística”, disse o secretário-geral da Associação Latino-Americana de Ferrovias, Jean Pejo. Em sua opinião, a melhor solução para o escoamento da safra inclui investimentos em uma malha ferroviária ampla, integrando os modais rodoviário e hidroviário.
De acordo com o Instituto de Engenharia, a ferrovia ajuda na redução nos custos do transporte e diminui o impacto ambiental, resultando em menor emissão de carbono, com o uso de rede eletrificada. Para tanto, o Brasil precisa de uma rede ferroviária integrada de 50.000 kms. Porém, a malha ferroviária atual precisa ser reformulada. De um total de 32.000 kms instalados, cerca de 70% estão inoperantes. “A rede integrada, para ligar todo o País, terá de ser feita por etapas”, disse Jorge Hori, consultor do IE e relator do projeto.
Segundo o estudo do órgão, as prioridades, na Ferrovia Norte-Sul, entre Açailândia (MA) e Estrela D’Oeste (SP), integrando-a os ramais de alimentação a partir dos polos de produção e exportação, são: de Eliseu Martins (PI) a Porto Franco (MA); de São Desidério/Barreiras (BA) a Figueirópolis (TO); de Lucas do Rio Verde (MT) a Campinorte (GO) e a Ferrogrão, ligação de Sinop (MT) com Miritituba (PA).
Fonte: SNA