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A despeito de 2017 ter sido iniciado com o menor estoque inicial de milho dos últimos três anos e apesar das previsões de um recuo de 85% na importação do grão, a CONAB estima que o suprimento da corrente safra atingirá o maior nível da história, superando pela primeira vez a marca dos 100 milhões de toneladas. Esse resultado, naturalmente, é reflexo do excepcional aumento da produção no corrente exercício – quase 93 milhões de toneladas pela previsão de maio corrente, volume que ainda pode superar em mais de 40% a frustrada safra de 2016 e que, na projeção atual, se encontra perto de 10% acima do recorde anterior, 84,672 milhões de toneladas na safra 2014/15.
Assim, somados estoques iniciais, importação e produção chega-se aos 101,3 milhões de toneladas de milho, volume que garante um suprimento total mais de um quarto superior ao da safra anterior, mas que se encontra apenas 4% acima do suprimento registrado duas safras atrás. Ou seja: exceto pelo fato de superar os 100 milhões/t, o suprimento não é tão expressivo quanto aparenta à primeira vista. Note-se, aliás, que em relação ao consumo a CONAB está prevendo um crescimento (ainda duvidoso) de 5%, incremento que demandaria 56,1 milhões de toneladas do grão. Mas ainda que essa expansão ocorra, o consumo interno continuará inferior (-1,13%) ao de 2015.
Outra projeção ainda duvidosa diz respeito às exportações, em relação às quais a CONAB estima que cheguem aos 26 milhões de toneladas, quase 38% a mais que em 2016. Não serve ainda de referência, mas não custa observar que no primeiro quadrimestre de 2017 o total exportado não chegou aos 2,4 milhões de toneladas, correspondendo a menos de 20% do que se exportou em idêntico período do ano passado. Em outras palavras, o efeito de um consumo reprimido e de exportações abaixo das expectativas recai sobre o estoque final que, no ano-safra encerrado em 31 de janeiro de 2018, pode superar os 20 milhões de toneladas. Será, também, um novo recorde e representará, provavelmente, o dobro do estoque final de dois anos atrás.
Naturalmente, isso tende a se refletir nos preços internos – algo que, em qualquer situação, não é bom nem para o produtor nem para o consumidor. De toda forma, está demonstrado que o País pode produzir muito mais que o alcançado até aqui e se inserir, de vez, no mercado internacional. Como ocorreu com a soja, cuja produção, neste ano (113 milhões/t), deve praticamente empatar com a dos EUA (177 milhões/t segundo o USDA). Mas no tocante ao milho, ainda estamos longe. Pois a produção ora prevista pelo USDA para o Brasil (96 milhões/t) corresponde a, exatamente, um quarto das 385 milhões/t estimadas para os EUA na safra 2016/17.
Fonte: Avisite