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Numa estratégia para se armar contra a concorrência dos bancos privados, que já vêm conquistando mais terreno entre grandes produtores e agroindústrias, o Banco do Brasil resolveu elevar a aposta nas operações de crédito rural com captação de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) a juros mais baixos do que os praticados pelo mercado nesta safra, a 2016/17. Isso significa financiamentos a taxas que podem chegar a 9,9% ao ano, nível incomum em se tratando desses contratos, que geralmente contam com recursos acima da taxa básica de juros (Selic).
“Temos que estar preparados para juros menores, já que há uma tendência de a Selic se aproximar mais da inflação este ano”, disse ao VALOR o vice-presidente de Agronegócios do BB, Tarcísio Hubner, durante a Agrishow, maior feira de agronegócios do país. “Um cenário de juros baixos abre caminho para outras soluções, por isso a LCA se mostrou como grande alternativa para a gente nesta safra, e o BB pretende emprestar mais com LCA daqui para a frente”.
Geralmente, os financiamentos ao agronegócio que têm como fonte a emissão desses títulos, isentos de Imposto de Renda, são ofertados pelas instituições financeiras a taxas de juros livres, que superam a Selic. Esses contratos, portanto, saem mais caro para o tomador do que os do Plano Safra, que têm juros subsidiados pelo governo. Assim, acabam sendo mais alvo de indústrias do que de produtores e são ofertados mais por bancos privados.
Na atual safra, porém, essa realidade mudou um pouco. O governo determinou que os bancos direcionassem pelo menos 35% de suas emissões com LCA para contratos de crédito rural, dos quais uma parte seria a juros fixos de até 12,75% ao ano. Essa “LCA controlada” não tem subsídios do Tesouro.
Essa novidade fez o volume total de crédito rural desembolsado pelos bancos com base nas LCA crescer 36,3%, para R$ 14 bilhões no acumulado dos dez primeiros dez meses da safra 2016/17 (julho de 2016 a abril deste ano), em relação ao mesmo período do ciclo anterior. Desse montante, R$ 8.8 bilhões foram emprestados apenas com juros controlados. É nessa seara que o BB ampliou a aposta. Nesse período, o banco respondeu por R$ 3.6 bilhões dos R$ 8.8 bilhões e também emprestou mais R$ 321 milhões via LCA com taxas livres.
Como a Selic está em trajetória de queda, o BB decidiu ofertar crédito rural via LCA não necessariamente no teto de 12,75%, mas a juros mais baixos, em operações de menor risco de crédito, disse Hubner. Assim pode emprestar esses recursos não apenas a grandes empresas ou agroindústrias, mas também a grandes produtores. Além de destinar as LCA para custeio, o BB vem direcionando esses títulos a investimentos.
A depender das negociações em curso pelo governo em torno do próximo Plano Safra (2017/18) pode haver mais estímulos à LCA como mecanismo alternativo de fontes de recursos para setor rural. Segundo o VALOR apurou, o Ministério da Agricultura propôs à equipe econômica que os juros dos financiamentos com captação de LCA caiam para 10,5% ao ano.
fonte: Valor